Famílias começam a ganhar casas de alvenaria e abandonam
as casas de taipas25/05/2008
De acordo com estimativas da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar do RN - Fetraf, nos 42 municípios em que atua, há cerca de 15 mil famílias de agricultores morando em casa de taipa. Uma realidade que a instituição pretende começar a mudar com a substituição por casas de alvenaria. Para isso, conta com recursos do PSH - Programa Social de Habitação do Governo Federal e contrapartida do Governo do Estado, para até 2010 construir três mil casas.O assunto é tema de uma reunião que representantes da Fetraf terão na próxima quarta-feira com a governadora Wilma de Faria. A questão é que o Governo do Estado ainda não repassou a contrapartida de 30% do valor do primeiro lote de 198 casas, o que representa R$ 2.500 por cada moradia, ao todo, R$ 495 mil. “Nós já estamos com os recursos do Ministério das Cidades assegurados e, se o Estado não fizer o repasse acordado desde o ano passado, podemos perder tudo”, alerta João Cabral, presidente da Fetraf. Das 198 casas previstas para ser erguidas este ano em 19 municípios, 75, localizadas em 12 municípios, estão quase prontas.Caso o convênio não seja assinado imediatamente, o Estado perderá cerca de R$ 3,1 milhões já conquistados pelos agricultores familiares junto ao Governo Federal. A expectativa da Fetraf é construir mais 516 casas ainda este ano, cujos recursos já estão assegurados com o Ministério das Cidades. Para o ano que vem serão mais 1.500 casas.A reunião com a governadora faz parte da 4ª Jornada de Luta da Agricultura Familiar Potiguar, que pretende reunir cerca de 1.500 trabalhadores vindos de todas as regiões do Estado. O evento tem concentração marcada para começar a partir das 8h da manhã em frente à sede da Fetraf, na Rua Piancó, 47 - Cidade da Esperança. Depois, o grupo segue em caminhada pela Avenida Mor Gouveia até a Governadoria, no Centro Administrativo, onde acontecerá a reunião marcada para as 10h.A construção das casas é coordenada pela Cooperhaf - Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares - braço da Fetraf - cujo trabalho, tem como fundamento, a auto-construção, ou seja, os próprios agricultores realizam a obra, caso entendam do assunto. Se não, a mão-de-obra contratada é da própria comunidade. “Tudo é acompanhado de perto por uma comissão formada pelos agricultores, que também compram o material de construção”, explica Cabral. A administração geral fica a cargo de um engenheiro, que acompanha o andamento da obra e é responsável pela prestação de contas à instituição bancária para que o repasse da verba seja liberado.Depois da prestação de contas, que inclui notas fiscais e um relatório completo com direito a fotos das obras, o dinheiro é depositado diretamente na conta dos fornecedores, previamente cadastrados (lojas de materiais de construção e pedreiros). “A verba não passa nem pela Fetraf, nem pelas mãos dos agricultores e só é enviado quando a construção está em andamento”, completa Cabral. O trabalho também é acompanhado por uma assistente social e por uma rede de coordenadores municipais, responsável pela triagem das famílias que serão beneficiadas com o programa. “Essa metodologia é mais trabalhosa do que contratar uma empreiteira, mas para nós é muito importante o agricultor acompanhar todo o processo da construção da sua própria casa, sabendo das dificuldades e da limitação dos recursos. Assim, eles têm mais prazer em fazer um jardim, plantar um pomar, enfim, esta é uma forma de envolver toda a sociedade”, resume Cabral.
Tribuna do Norte
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